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Walter Medeiros –
waltermedeiros@supercabo.com.br
O médico carioca Luiz
Moura, que estava sendo acusado de postura
anti-ética em dois processos do Conselho
Regional de Medicina do Rio de Janeiro, por
divulgar informações sobre a
auto-hemoterapia, foi absolvido de todas as
acusações, em julgamento realizado nesta
sexta-feira, 13.08.2010 no Conselho Federal
de Medicina - CFM. A sessão durou cerca de
quatro horas, presentes 28 conselheiros, que
decidiram pela não aplicação de nenhuma
punição ao representado.
Como
vem sendo amplamente divulgado nos últimos
anos, Auto-hemoterapia é uma técnica que
combate e cura doenças com a retirada de
sangue da veia e aplicação imediata no
músculo. Esta terapia vem salvando vidas há
mais de cem anos.
Embora tenha
absolvido o Dr. Luiz Moura, segundo as
informações de Brasília o CFM não mudou a
posição quanto à liberação do uso da
técnica. Os defensores da auto-hemoterapia
consideram que a absolvição foi uma vitória
imensa, mas afirmam que por outro lado a
luta continua, certamente com novos momentos
em busca da vitória final.
O julgamento dos processos
encerra um período muito desgastante para o
Dr. Luiz Moura, seus familiares e todos os
que de alguma maneira estão ligados a ele.
Um dos usuários no Rio Grande do Norte
comentou a decisão afirmando que “É muito
bom se ver a justiça ser feita”,
acrescentando que “Melhor ainda seria ver o
interesse e a necessidade do cidadão serem
respeitados”. E completou: “Todos nós
sabemos o porque deste problema criado em
torno de uma solução simples, prática e
econômica”.
A TÉCNICA
Eis uma rápida mostra da
técnica, conforme explicação do Dr. Luiz
Moura, num DVD gravado em 2004:
É uma técnica simples, em que,
mediante a retirada de sangue da veia e a
aplicação no músculo, ela estimula um aumento dos
macrófagos, que são, vamos dizer, a Comlurb
(Companhia de Limpeza Urbana) do organismo.
Os macrófagos é que fazem a
limpeza de tudo. Eliminam as bactérias, os vírus,
as células cancerosas, que se chamam neoplásicas.
Fazem uma limpeza total, eliminam inclusive a
fibrina, que é o sangue coagulado. Ocorre esse
aumento de produção de macrófagos pela medula
óssea porque o sangue no músculo funciona como um
corpo estranho a ser rejeitado pelo Sistema
Retículo Endotelial (SRE). Enquanto houver sangue
no músculo o Sistema Retículo Endotelial está
sendo ativado. E só termina essa ativação máxima
ao fim de cinco dias.
A taxa normal de macrófagos é
de 5% (cinco por cento) no sangue e, com a
auto-hemoterapia, nós elevamos esta taxa para 22%
(vinte e dois por cento) durante 5 (cinco) dias.
Do 5º (quinto) ao 7º (sétimo) dia, começa a
declinar, porque o sangue está terminando no
músculo. E quando termina ela volta aos 5% (cinco
por cento). Daí a razão da técnica determinar que
a auto-hemoterapia deva ser repetida de 7 (sete)
em 7 (sete) dias.
Essa é a razão de como funciona
a auto-hemoterapia. É um método de custo
baixíssimo, basta uma seringa. Pode ser feito em
qualquer lugar porque não depende nem de geladeira
- simplesmente porque o sangue é tirado no momento
em que é aplicado no paciente, não há trabalho
nenhum com esse sangue. Não há nenhuma técnica
aplicada nesse sangue, apenas uma pessoa que saiba
puncionar uma veia e saiba dar uma injeção no
músculo, com higiene e uma seringa, para fazer a
retirada do sangue e aplicação no músculo, mais
nada. E resulta num estímulo imunológico
poderosíssimo.
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Em
janeiro deste ano (2010) escrevemos artigo
intitulado “Gesto de Grandeza do CFM”,
defendendo o que parecia muito difícil ou
quase impossível: que aquele colegiado maior
dos médicos brasileiros não cassasse o
registro do médico Luiz Moura, de 85 anos e
com 60 anos do exercício da medicina, por
ter dado entrevista explicando como funciona
a auto-hemoterapia, a técnica que aumenta a
imunidade do organismo e vem curando
milhares de pessoas no mundo inteiro.
O julgamento - antes
previsto para 4 de fevereiro - foi adiado e
realizado agora, na sexta-feira 13 de
agosto, e o Conselho Federal de Medicina
decidiu dando um exemplo de humanidade, ao
manter o registro daquele profissional
exemplar, que naquela idade comparece
religiosamente ao seu consultório e atende a
sua clientela. Esta decisão merece o
reconhecimento e o aplauso de todos,
considerando que naquela ocasião o CFM
esteve sintonizado com o pensamento da
sociedade brasileira, para fazer justiça.
Parabenizar o CFM pela decisão lúcida e
justa.
Acreditamos que esta
decisão levou em conta também os apelos que
ecoaram pelo Brasil inteiro, de médicos,
enfermeiros e outros profissionais, usuários
da auto-hemoterapia, e personalidades como o
Senador Eduardo Suplicy e a escritora Maria
Adelaide Amaral, que foram enfáticos na
defesa de uma solução para o problema que
não trouxesse prejuízos ao Dr. Luiz Moura.
Aquela proposta que
fizemos incluía outro ponto - que não foi
tratado na ocasião, até porque não era
assunto da pauta, mas que certamente pode
ser transformado num novo momento de
grandeza do CFM -, que é a liberação do uso
da auto-hemoterapia no Brasil, proibida de
forma enviesada desde dezembro de 2007.
Através desse novo gesto, o CFM pode editar
resolução determinando que os médicos podem
fazer uso da técnica, que é usada há mais de
150 anos e teve seu uso impedido a partir do
momento em que aquele conselho aprovou um
parecer, depois criticado, quando ficou
comprovado que é incompleto e prejudicial à
sociedade.
A permissão do uso da
auto-hemoterapia pode ser estabelecida em
protocolos, considerando o conhecimento
acumulado a respeito da técnica; levando em
conta que não existe nada que deponha contra
o seu uso, a não ser a alegação - não
comprovada - de que não teria comprovação
científica; e a orientação com vistas à
realização de novas pesquisas para
consolidar o seu uso, inclusive no Sistema
Único de Saúde - SUS. É fato que a
burocracia atrasa as práticas científicas,
mas uma coisa é certa: se a auto-hemoterapia
não tem a comprovação dentro do padrão que
alguns exigem, isto não anula sua eficácia,
pois sua eficácia pode ser e vem sendo
diariamente comprovada. Para tanto, basta
observar o universo imenso de usuários que
relatam o uso e os benefícios que com ele
conseguem.
O assunto pode ser
tratado no âmbito das normas que deixam nas
mãos dos médicos a decisão de utilizar os
procedimentos, desde que informem ao
paciente em que situação se encontra no que
se refere a pesquisa científica e obtenham o
consentimento para usá-la, aliando a isto a
responsabilidade que cada profissional tem
sobre os seus próprios atos.
Na mesma ocasião pode ser
determinada a elaboração de uma resolução
estabelecendo as formas já comprovadas de
eficácia no uso da auto-hemoterapia, como
Tampão Sanguíneo Peridural -TSP e Plasma
Rico em Plaquetas, bem como determinando os
tipos de pesquisas que precisam ser feitas
para regulamentar o uso da terapia nos
demais casos.
Isto resolveria um vazio
que surgiu depois que o uso da
auto-hemoterapia foi simplesmente proibido,
gerando até problemas internos, como o caso
dos anestesiologistas, que reclamaram para
usar o TSP e o próprio CFM emitiu nota
alterando sua resolução e afirmando que esse
procedimento tem vasta comprovação
científica.
Uma decisão nesse nível
seria mais um gesto de grandeza, pelo qual a
sociedade brasileira seria grata e
reforçando sua crença na justiça, seriedade,
responsabilidade e nos bons propósitos da
entidade máxima dos médicos brasileiros. Por
um lado, o CFM já decidiu o destino
profissional de um homem de 85 anos, que já
passou seis décadas salvando vidas e sua
luta é por salvar outras mais. Por outro
lado, esse novo gesto de grandeza seria
superar a precipitação do parecer, editando
medida para liberar o uso da
auto-hemoterapia, medida de alcance
abrangente, para beneficiar toda a
coletividade.
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