09.02.2008
Auto-hemoterapia no Jornal do CFM
Jornal do CFM ignora dúvidas e questionamentos para
condenar apressadamente a técnica
--- Walter Medeiros
Um ditado bastante conhecido cria um risco muito grande
para quem busca e defende a verdade; aquele segundo o qual
uma mentira muito repetira tende a se tornar verdade. Pois
é dessa forma que o Conselho Federal de Medicina quer
combater a auto-hemoterapia: através de mentira, da
divulgação de informações incorretas e da defesa de
posições parciais. Isto fica claro quando o “Jornal
Medicina”, publicado pelo CFM, veicula em sua edição Nº
167, de dezembro de 2007, que a “Auto-hemoterapia não tem
eficácia comprovada”. Em vista do Parecer Nº 12/07, que
resultou de uma pesquisa feita pela metade, aquele órgão
deveria ter o mínimo de postura ética e anunciar que ele,
o Conselho, tem dúvidas sobre o assunto. Mas ao contrário
leva à categoria dos médicos uma informação falsa,
desconsiderando todas as falhas apresentadas sobre aquele
documento.
O autor do Parecer, o médico Munir Massud é quem assina o
artigo e afirma que “De acordo com o presidente do
Conselho, Edson de Oliveira Andrade, o CFM promete rigor
para os médicos que adotarem o procedimento”, adiantando
que o presidente declarou que “Os que o praticarem deverão
ser denunciados, para serem processados por isso”. Até
então o presidente do CFM não tinha feito declarações
sobre o parecer, que declara, raivosamente, sobre a
auto-hemoterapia, que “Trata-se de uma falácia, que não
tem valor científico e não pode ser aceita”, concluindo
que “Cabe ao CFM alertar a população que isso não deve ser
feito, pois pode vir a complicar a saúde do paciente".
Como se sabe, todas essas afirmações do Presidente do CFM
e do autor do Parecer 12/07 são completamente suspeitas,
tanto que o documento foi enviado para a ANVISA e este
órgão não se deu por satisfeito, preferindo buscar outras
opiniões, já que o Parecer do CFM não lhe dá segurança
para decidir que providências adotar.
A matéria do “Jornal Medicina” confessa que “A Anvisa
buscou a opinião das autoridades médicas sobre o
procedimento porque essa terapia se tornou bastante
popular: é oferecida a baixo custo, inclusive em
farmácias”. O representante do CFM, com sua imaginação
fértil, diz que existiria “a promessa de curas milagrosas
para doenças graves como câncer e aids - o que não é
comprovado pela ciência, de acordo com o parecer (o seu
parecer, baseado em pesquisa incompleta feita
principalmente em abstracts de uma só base de pesquisa)”.
Deixando transparecer a verdadeira importância que a
auto-hemoterapia vem assumindo na sociedade brasileira, o
artigo a considera que, “definida como tratamento de
certas doenças pela retirada e nova injeção do sangue no
próprio paciente, vem sendo utilizada indiscriminadamente,
o que preocupa o governo”. Num estudo notadamente
superficial, o parecerista diz que constatou, sobre a
auto-hemoterapia, que "não há comprovação de sua
efetividade, nem de sua segurança". Toda essa formulação
vêm confrontar com o trabalho do Dr. Luiz Moura, o grande
divulgação da auto-hemoterapia, cujo trabalho já
beneficiou milhares de pessoas, basta ver o que dizem os
depoentes no Fórum sobre Auto-hemoterapia (http://inforum.insite.com.br/39550/
. Mas Dr. Luiz Moura não está só.
OS MÉDICOS DISCORDAM
O médico Alex Botsaris, do Rio de Janeiro, assina artigo
veiculado no site VIA ESTELAR, com o título de
“Auto-hemoterapia é um tratamento ainda experimental”, no
qual diz que “É preciso fazer uma avaliação equilibrada
sobre a auto-hemoterapia”. Ao contrário do que está
colocado no parecer do CFM, o médico - autor de livros
como “Sem Anestesia”, que teve grande repercussão na área
de saúde – afirma que “não é verdade que essa terapêutica
não tenha nenhum fundamento, nem que não haja nenhum
trabalho publicado sobre ela na literatura mundial ou
nacional, como afirma a SBHH” (Sociedade Brasileira de
Hematologia e Hemoterapia). Ele define a Auto-hemoterapia
como “um recurso terapêutico simples que consiste em
retirar sangue de uma veia e aplicar no músculo”.
Por sua vez o médico paraibano Júlio Bandeira defende e
recomenda a auto-hemoterapia. Ele conta que teve o
primeiro contato com esse procedimento ainda na década de
1940. Dr. Júlio afirmou ao jornal Correio da Paraíba
conhecer vários relatos de tratamentos bem sucedidos com a
utilização da terapia médica. “Eu sou defensor da medicina
natural e, também, percebo na auto-hemoterapia um recurso
fácil e barato. Além disso, não vejo nenhum risco que ela
possa oferecer aos pacientes, porque eles deverão ser
acompanhados por algum médico que utilize o método e possa
orientá-los” destacou.
Também o médico mineiro Ronaldo João, que exerce a
profissão há 32 anos e atende no município mineiro de Sete
Lagoas, Minas Gerais, afirma que o assunto
auto-hemoterapia causa polêmica porque “parece que a
ANVISA e as instituições que congregam médicos e
para-médicos se fazem de cegos e surdos para não verem e
ouvirem o que é evidente, pois quem sabe de seus males é o
paciente e são centenas de milhares que nesses 105 (cento
e cinco) anos de existência do tratamento relatam melhoras
e curas.”. O médico acrescenta que “Isto nos entristece,
porque esse tratamento, apoiado por estas entidades seria
a redenção da saúde pública nacional tão combalida nos
dias de hoje.
“Qualquer médico no mundo com um mínimo de conhecimento de
imunologia, hematologia, clínica médica e bom senso deva
admitir que a auto-hemoterapia funcione baseada em
evidências clínicas (prática aceita pela medicina atual).”
A afirmação é do médico Marcus Mac-Ginity, gaúcho de Porto
Alegre, que atua em clínica e pediatria há mais de 20
anos, morando e trabalhando na cidade baiana de Rio Real,
situada na divisa com Sergipe.
Perito do INSS e pediatra, o médico Tarcísio Gurgel de
Souza, de Natal, fez uma avaliação do material que
dispunha sobre auto-hemoterapia e opinou que os dados
disponíveis ainda são mínimos, mas deposita credibilidade
nos informantes. Ele acrescenta que a auto-hemoterapia
funciona porque “os neutrófilos se defendem a princípio
sem saber quem são os ‘invasores’ e conseqüentemente se
multiplicam em defesa do seu ‘criador’ e de uma maneira
imediata o beneficiam ao seguir caminhos diferentes e
também de maneira indireta”. E acrescentou que “A
indústria farmacêutica indubitavelmente treme ao ouvir
falar neste assunto; é como o prenúncio da chegada de um
tsunami.”
A GRANDE TESTEMUNHA
Um médico estudioso e sem preconceitos, Dr. Francisco das
Chagas Rodrigues fez, a meu pedido, uma leitura de todo
material que disponibilizamos na Internet desde que o
FANTÁSTICO abordou o assunto auto-hemoterapia, em abril de
2007. Sua conclusão foi surpreendente. Ele percebeu e
afirma que “a ‘arte’ de curar que caracteriza a medicina
estava fortemente agredida.”. E acrescenta: “Não vi nenhum
paciente queixoso da referida técnica; pelo contrário,
diversos relatos não contestados de benefícios”. Ainda
segundo o médico, “O que foi argumentado para diminuir a
importância da técnica foi um efeito placebo sugerido, mas
não comprovado. E se comprovado... que mal há? Não trouxe
o bem? Inclusive o próprio placebo tem a sua aplicação em
Medicina.”.
Dr. Rodrigues é psiquiatra do Rio Grande do Norte, que fez
uma avaliação completa do assunto e relata: “O que achei
mais interessante é que existem muitos pacientes em todo o
Brasil que utilizam a técnica e que os Conselhos de cada
estado poderiam ter solicitado o testemunho dessas
pessoas.”. “Ora, - observa - se é para a população que os
Conselhos prestam serviço na fiscalização dos atos
médicos, parece que a grande testemunha foi deixada de
fora.”
O mastologista Eliel Souza, também de Natal-RN é mais um
médico que falou sobre a auto-hemoterapia, afirmando que
“Seria providencial estimular pesquisas nas universidades
públicas para definições embasadas na ciência e nas
evidências com a criação de protocolos e normatização das
prescrições, evitando assim que a terapêutica caia no
descrédito”. A opinião foi postada em comentário ao artigo
“A notícia que ninguém publicou”, no Observatório da
Imprensa. O link para a mensagem é
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=466FDS006.
Dr. Eliel opinou que “Esta campanha é fundamental”,
observando que “Obviamente que ela contraria inúmeros
interesses (principalmente aqueles da poderosa indústria
farmacêutica)”. Segundo ele, aquela poderosa indústria
“inclusive pode estar influenciando decisões em setores
que deveriam ser “blindados” a tais ingerências.”
Em São Paulo, o médico paulista Gilberto Lopes da Silva
Júnior anunciou em artigo no Diárioweb, de São José do Rio
Preto, que não pode deixar de recomendar que as pessoas
experimentem a auto-hemoterapia. Ele reconsiderou resposta
dada anterior, quando foi questionado recentemente sobre o
valor da técnica e mostrou-se totalmente descrente. Agora
ele afirma que “pesquisando melhor e tendo conhecimento
que esse procedimento foi idealizado e testado em animais
pelo Professor Jesse Teixeira, não posso deixar de
reconsiderar e recomendar”.
Depois de todos esses depoimentos, perguntamos: seria
possível ao Conselho Federal de Medicina continuar dizendo
que fala em nome dos médicos do Brasil? Parece que está
havendo uma falta de sintonia. É razoável, portanto,
querer que um órgão do status do CFM para afirmar que uma
terapia não teria valor científico, apresentasse um
parecer com valor científico incontestável.
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