Auto-hemoterapia:
esperança polêmica
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Walter Medeiros
“O
próprio sangue usado como remédio. Esse é o princípio da
auto-hemoterapia (auto-hemo) uma técnica que vem se difundindo e ao
mesmo tempo sendo combatida em todo o país. O método consiste na
retirada do sangue da veia e imediata aplicação em algum músculo do
corpo, geralmente braços ou nádegas. Segundo os defensores é possível
tratar doenças infecciosas, como acne, hepatite, pneumonia,
toxoplasmose; doenças alérgicas como asma, bronquite, alergias; doenças
auto imunes como artrite, esclerose; gangrenas, corpos estranhos miomas
e até câncer.”
Com esta
introdução, o Jornal Correio do Povo do Paraná publicou ampla matéria
agora em setembro (dia 4) mostrando como a técnica vem sendo praticada
e apresentando também pessoas que a combatem. Mostra que “Um dos
principais nomes da auto-hemoterapia é o médico Luiz Moura, que
aplicou-a com bons resultados na Casa de Saúde São José no Rio de
Janeiro entre os anos de 1943 e 1947.” e afirma que “A principal
forma de propagação da técnica foi um vídeo com uma entrevista de 2
horas e meia onde o médico explica como funciona e comenta os benefícios
da auto-hemoterapia.”, informando que “Hoje há cópias na íntegra
pela internet. ‘É uma técnica simples que fortalece a imunidade’,
diz ele.”
Acrescenta
que “Conforme Moura, o sangue injetado é visto como um corpo estranho
ao organismo, o que acelera a produção de macrófagos, ou anticorpos.
‘A taxa normal de macrófagos no organismo é de 5%, com a
auto-hemoterapia, cresce para 22%. Essa elevação se mantém pelo período
em que o sangue está no músculo, o que dura cerca de cinco dias’,
explica. Na seqüência ele relata muitas experiências bem sucedidas e
admite que a técnica ainda não é reconhecida pela medicina
convencional. ‘Mas deveria ser divulgada, pesquisada e utilizada. É
um método muito barato que poderia ser usado em regiões sem recursos,
onde as pessoas não têm condições de pagar medicamentos caríssimos,
que produzem o mesmo efeito da auto-hemoterapia’.” Informa que “No
vídeo ele chega a relatar casos de melhora significativa para doenças
graves, inclusive a Aids.”
Na prática
A
reportagem do Jornal Correio do Povo mostra também que “Em
Laranjeiras do Sul Marileide Veronese conta ter comprovado os benefícios
da técnica. ‘Eu fiz auto-hemoterapia e não me envergonho disso. Foi
o que me salvou’, diz ela. Marileide passou por momentos difíceis em
2007, tinha insônia e tomava antidepressivos. ‘Depois da segunda
aplicação abandonei os remédios para dormir. Hoje tenho disposição,
tenho vontade para fazer as coisas. Minha vida melhorou muito’,
comentou. Ela chegou à técnica através da mãe, Nely. ‘Fiz 30
aplicações e achei incrível o 'sumiço' das varicoses. Eu tinha horário
no médico para retirá-las e não foi mais necessário’, conta.
Para João,
um dos principais motivos que levam a medicina a não aceitar a
auto-hemo é a questão econômica. ‘A aplicação é muito barata e
trás diversos benefícios, já vi muita gente tratar doenças sérias e
ter bons resultados. Se fosse liberada, evitaria muitos custos que
existem hoje’, comentou.” Mas faz um alerta.
Ainda
sobre experiências, cita que “A empresária Maria Gelci Rambo de
Carvalho também utilizou o método. ‘Eu sentia muitas dores. Tinha
muitos problemas e a auto-hemo me ajudou a superar. Depois de algumas
aplicações as dores sumiram’, disse ela, que conhece outras pessoas
que fizeram as aplicações. ‘Eu vi gente que definhava de câncer
recuperar a vitalidade e ganhar mais qualidade de vida’, conta. ‘É
claro que as pessoas não devem abandonar seus tratamentos médicos, mas
é uma terapia complementar’, conta.
“Permissão”
O jornal
paranaense recorda que “A Agência Nacional da Vigilância Sanitária
(Anvisa) publicou em abril de 2007 uma nota técnica alertando que a
auto-hemoterapia ‘pode causar reações adversas, imediatas ou
tardias, de gravidade imprevisível’.”, que ‘A Sociedade
Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (SBHH), O Conselho Federal de
Medicina (CFM) e de Enfermagem (CFE) também se posicionaram contra.’,
explicando que ‘Eles alertam que o método não foi submetido à
estudos clínicos e por isso não recomendam.”
Como se
sabe, a Nota da ANVISA não tem base científica nem legal; trata-se de
um documento completamente confuso, da mesma forma que a SBHH não
apresentou qualquer argumentação séria a respeito da
auto-hemoterapia. O CFM, por sua vez, baseou-se em parecer superficial
para tratar do assunto, chegando depois a permitir a auto-hemoterapia
feita pelos anestesistas.
Profissão
Quando
parte para ouvir os médicos e autoridades da saúde, o jornal encontra
um verdadeiro terrorismo, que tenta levar o medo à população. Vejamos
o que diz a matéria:
“Conforme
o médico Márcio Marreiros não há base científica que comprove
qualquer benefícios da técnica. “Eu atribuo as melhoras em
determinados sintomas ao fator psicológico. As pessoas acreditam tanto
que vai dar certo, e dá certo”, diz ele. “Nunca tive a oportunidade
de consultar um paciente logo após a aplicação. Mas, pelos relatos
que ouvi, me parece um processo bastante doloroso, com risco de
hematomas ou equimoses”, disse. “É uma técnica que não é
aprovada pelo conselho. Tem havido muitos questionamentos por parte de
pacientes, mas realmente não artigos científicos que comprovem
qualquer eficácia nos tratamentos com essas aplicações”,
acrescentou.”
Quando
ele diz que “não há base científica que comprove qualquer benefícios
da técnica.”, o médico vai de encontro a centenas de trabalhos científicos
que o CFM faz questão de ignorar ou tratar de forma enviesada.
Ao
afirmar: “Eu atribuo as melhoras em determinados sintomas ao fator
psicológico. As pessoas acreditam tanto que vai dar certo, e dá
certo”, o médico tenta fazer todo mundo de idiota, pois ignora toda
uma prática documentada e relatada; ou será que a verdade só estaria
do lado deles (médicos que combatem sem argumentos)?
Ele vai
além e diz que “Nunca tive a oportunidade de consultar um paciente
logo após a aplicação. Mas, pelos relatos que ouvi, me parece um
processo bastante doloroso, com risco de hematomas ou equimoses”. Onde
está o processo doloroso, se a auto-hemoterapia usa seringas iguais às
que são usadas para colher sangue nos laboratórios e as mesmas que
servem para aplicar injeção nos hospitais, ambulatórios e postos de
saúde? Os riscos que ele fala são os mesmos riscos que todo mundo
corre ao procurar os médicos, de cujos erros muitas vezes são vítimas
até fatais.
Por fim o
Dr Márcio alega que “É uma técnica que não é aprovada pelo
conselho.”. Já vimos que o Conselho Federal de Medicina tratou da
questão de forma superficial e tendenciosa, ignorando os trabalhos
científicos existentes nas bases de pesquisa.
Secretaria
Continuando
a matéria, foi registrado que “Em Guaraniaçu, a Secretaria municipal
de Saúde, através do departamento de vigilância sanitária, também
alerta a população. Segundo a nota enviada ao Jornal Correio, o método
é 'ilegal' e constitui infração sanitária. “A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária divulgou nota técnica recomendatória sobre essa
irregularidade”, comenta a responsável pelo setor, Aline Cruz.” A
responsável cumpre seu papel de obedecer as orientações da ANVISA,
porém é preciso lembrar que a Nota daquela agência é cheia de
falhas, constituindo-se num verdadeiro abuso de autoridade.
O abuso
de autoridade da ANVISA leva a Secretaria Municipal a também agir de
forma arbitrária, pois a sua representante diz que “um flagrante da
Vigilância Sanitária pode resultar na autuação do sujeito por exercício
da atividade sem o referido diploma. Se a pratica estiver sendo exercida
por enfermeiros, médicos e farmacêuticos, além de encaminharmos os
autos de infração às autoridades competentes, será comunicado aos
conselhos regionais de classe para as devidas providências”, alerta.
Acrescenta eu “Quando a denúncia apontar que a prática esta sendo
feita em residência, a Visa estará pedindo apoio policial e encaminhará
a denuncia ao Ministério Público por pratica contra o cidadão e por
ferir a coletividade”,diz. Como se vê, aquele órgão está
ventilando a possibilidade até de invasão de domicílio, pois ao contrário
do que a ANVISA diz, auto-hemoterapia não é infração sanitária nem
está capitulada como crime em nenhuma lei.
O
amedrontamento praticado pelos órgãos da área médica e autoridades
sanitárias é tanto que o periódico mostra que “Embora diversos
locais realizem as aplicações na região, nenhum autorizou a divulgação
nesta reportagem. O medo da polêmica ou da punição da classe
profissional impera sobre a técnica.” – revela.
Desde
1911
A
reportagem expõe, ao final, sobre “A auto-hemoterapia na França, em
1911, introduzida pelo médico Francois Ravout como proposta para tratar
febre tifóide. Em 1938, numa tentativa de encontrar um tratamento
eficaz para infecção ela voltou a ser empregada. Nessa época os
antibióticos ainda não estavam disponíveis, e isso levou o médico
francês Gaston de Lyon a propor injetar sangue da própria pessoa no
membro afetado para evitar amputação. O tratamento gerou alguns
resultados, motivo pelo qual se popularizou na Europa até a década de
50. Depois, foi perdendo o seu apelo, com a introdução de novas drogas
antimicrobianas.” – conclui.
Trata-se
de mais uma mostra de como as entidades médicas e autoridades sanitárias
estão semeando o terror e o medo no Brasil inteiro, na tentativa de
dificultar o uso de uma técnica que vem sendo utilizada há mais de cem
anos, com êxito, por milhões de pessoas.
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Para ler
a matéria do Jornal Correio do Povo do Paraná, acesse http://www.jcorreiodopovo.com.br/noticias/?url=auto-hemoterapia-esperanca-polemica
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